UBERABA; (Minas gerais) – Arquidiocese

De Dicionário de História Cultural de la Iglesía en América Latina
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A Arquidiocese de Uberaba está localizada na região do Triângulo Mineiro, no Estado de Minas Gerais. Além da sede Arquiepiscopal em Uberaba, é composta de 19 munícipios: Água Comprida, Araxá, Campo Florido, Comendador Gomes, Conceição das Alagoas, Conquista, Delta, Fronteira, Frutal, Nova Ponte, Pedrinópolis, Pirajuba, Planura, Prata, Romaria, Sacramento (além do distrito de Desemboque), Santa Juliana, Tapira e Veríssimo, com uma extensão territorial de 26.561.557 km², cuja população é de 664.408 habitantes, dos quais 397.060 se declaram católicos apostólicos romanos.[1]

Originalmente, esta circunscrição eclesiástica foi resultado do desmembramento das Dioceses de Goiás e Diamantina, em 29 de setembro 1907, por meio da bula papal Goyaz-Diamantina – Brasiliana Respublica, decretada pelo Papa Pio X, sendo constituída uma nova diocese: “Erigimos a cidade principal existente nesta região, chamada Uberaba, em cidade Episcopal com todos os direitos, honras e prerrogativas. [...] Constituímos ainda a Igreja sita na mesma cidade, dedicada ao SS. Coração de Jesus, Igreja Catedral sob o mesmo título e invocação e nela erigimos e constituímos a Sé e a dignidade episcopal para um Bispo [...].[2]

Por intermédio do Breve Apostólico Apostolatus Officium, em 8 de novembro de 1907, Dom Eduardo Duarte Silva, até então bispo de Goiás, foi nomeado a assumir a nova diocese: “Portanto, pela plenitude de nosso poder apostólico desligando-te do vínculo que prendia-Te à Diocese de Goyaz, e igualmente em virtude de Nossa autoridade Apostólica, transladamos-Te para a nova Diocese de Uberaba, no Brasil. [...] e provisionamos e Te constituímos Bispo da mesma e Pastor, entregando-Te plenamente o cuidado, o governo e a administração dela tanto no que é temporal como no que é espiritual [...].[3]

Dom Eduardo Duarte Silva foi o sexto Bispo de Goiás, nascido em 27 de janeiro de 1852, em Florianópolis-SC, filho de Carlos Duarte Silva e Maria Leopoldina. Foi ordenado presbítero em 1874 pelo cardeal Patrizzi. Em 1890, o Papa Leão XIII nomeou Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti para assumir o bispado vacante de Goiás. Entretanto, durante uma viagem a Roma, acompanhado de seu amigo, o Cônego Eduardo Duarte Silva, Dom Joaquim Arcoverde se recusou a assumir a Diocese de Goiás. O Papa Leão XIII solicitou, então, que o cônego Eduardo assumisse o bispado de Goiás.

De imediato, negou o pedido; entretanto, ao compreender a necessidade pastoral, aceitou assumir a Diocese. Sua sagração episcopal deu-se em 8 de fevereiro de 1891, em Roma e escolheu para seu lema episcopal Confido in Domini (Eu confio no Senhor). Esteve à frente da Diocese de Uberaba até 1923, quando renunciou ao bispado, em virtude da precariedade de sua saúde. Durante seu episcopado, quando ainda era bispo de Goiás (diocese à qual Uberaba pertencia), transferiu a sede do episcopado para Uberaba, dadas as dificuldades políticas encontradas, principalmente após a Proclamação da República. Com as preocupações pastorais de seu bispado, trouxe os Irmãos Maristas da França e, em 1903, entregou o «Colégio Marista Diocesano». Mediante seu próprio esforço, edificou a Igreja do Sagrado Coração de Jesus, terminando-a em 1907, a fim de a Catedral ser sede da nova diocese que viria a ser criada no mesmo ano.[4]

O segundo bispo da Diocese de Uberaba, nomeado pelo papa Pio XI, foi Dom Antônio de Almeida Lustosa, nascido em 11 de fevereiro de 1886, na cidade de São João Del Rei-MG, filho de João Batista Pimentel Lustosa e dona Delfina de Almeida Lustosa. Foi ordenado presbítero em 1912, por Dom Epaminondas de Ávila e Silva, bispo de Taubaté.[5]Com o lema episcopal: Sub umbra alarum tuarum (Sob a sombra de tuas asas),[6]foi sagrado bispo em 11 de fevereiro de 1925, na igreja do Carmo, em sua cidade natal, sendo sagrante principal Dom Helvécio Gomes de Oliveira, bispo de Goiás, salesiano de Dom Bosco.

Durante o período de 1925 até 1928, esteve à frente da Diocese de Uberaba e, além de preocupar-se com a realidade pastoral das paróquias, fazendo a transferência dos vigários, percebeu a carência de vocações sacerdotais. Reabriu, então, o Seminário Diocesano e também inseriu em diversas paróquias os padres salesianos. Em 17 de dezembro de 1928, foi nomeado bispo de Corumbá, transferindo-se no ano seguinte.[7]

Dom Frei Luiz Maria de Santana foi o terceiro bispo de Uberaba. Nasceu em 21 de março de 1886, em Santana, pertencente à província de Pádua (Itália), filho de Luiz Colturado e Jacinta Boldrini Colturado. Sua ordenação presbiteral, realizada pelo arcebispo de São Paulo Dom Duarte Leopoldo e Silva, deu-se em 6 de março de 1909. Foi nomeado bispo de Uberaba pela bula papal Comissum humilitatis, de Pio XI. Sua sagração episcopal ocorreu no dia 4 de outubro de 1929, na Igreja Imaculada Conceição dos Capuchinhos,[8]e seu lema episcopal era: In Omnia et Omnibus Christus (Cristo tudo para todos).

Em seu episcopado tiveram notoriedade os seguintes atos: “Montou oficinas próprias para o órgão diocesano «Correio Católico», [...] promoveu reforma radical no Seminário, [...] adquiriu o novo Palácio Episcopal, [...] promoveu a construção de 12 novas igrejas matrizes e iniciou a reforma na Catedral.[9]Foi transferido para a diocese de Botucatu, em 2 de abril de 1938, falecendo em 1946.

O quarto bispo, e primeiro arcebispo de Uberaba, foi Dom Alexandre Gonçalves do Amaral, nascido na cidade de Carmo da Mata-MG, no dia 12 de junho de 1906, filho de Benjamin Gonçalves da Costa e Maria Cândida do Amaral Costa. Sua ordenação presbiteral foi celebrada em 22 de setembro de 1929, na Catedral de Nossa Senhora da Boa Viagem. Foi nomeado bispo pelo papa Pio XII, e a sagração episcopal deu-se no dia 29 de outubro de 1939, na mesma Catedral onde fora ordenado presbítero e pelo mesmo bispo, Dom Antônio.[10]Sob o lema episcopal: Ut Vitam Habeant (Para que tenham vida), tomou posse na diocese de Uberaba, no dia 8 de dezembro de 1939.

Durante seu episcopado, em 1955, a Diocese de Patos de Minas foi criada, sendo o primeiro bispo Dom José André Coimbra, enquanto a Diocese de Uberlândia foi criada em 1961, sendo seu primeiro bispo Dom Almir Marques Ferreira, antigo pároco da catedral de Uberaba. O papa João XXIII elevou a diocese de Uberaba a Arquidiocese, até então sufragânea da Arquidiocese de Belo Horizonte, e criou a Província Eclesiástica de Uberaba, em 14 de abril de 1962.

A nova província seria composta pela Arquidiocese de Uberaba, as dioceses de Patos de Minas, Uberlândia e Paracatu. A Catedral de Uberaba seria elevada ao título de Catedral Metropolitana, e Dom Alexandre, consequentemente, elevado a arcebispo. Em sua vida episcopal, Dom Alexandre participou ativamente do Concílio Vaticano II, segundo relata Padre Thomaz de Aquino Prata, em seu livro publicado em 1987.

Dom Alexandre teve grande atuação no Movimento Litúrgico: “Sua atuação no chamado Movimento Litúrgico foi fundamental. Foi um dos primeiros bispos do Brasil a celebrar Missa «Versus populum», justamente no tempo em que em muitos lugares do Brasil as autoridades eclesiásticas proibiam a Missa Dialogada”.[11]Em 1969, a Arquidiocese de Uberaba recebeu um bispo coadjutor, Dom José Pedro de Araújo Costa, até então bispo da Diocese de Caitité, na Bahia.

Nascido na cidade de Serro-MG, em 19 de outubro de 1913, era filho de José do Nascimento Costa e Rita Cândida de Araújo Costa. Foi ordenado presbítero em 6 de dezembro de 1936 e nomeado bispo de Caitité pelo papa Pio XII em 1957, recebendo a sagração episcopal em 15 de setembro do mesmo ano, sendo sagrante principal Dom Armando Lombardi, Núncio Apostólico. Seu lema episcopal era: Veritas liberabit vos (A verdade vos libertará),[12]e também teve participação no Concílio Vaticano II, sendo nomeado bispo coadjutor de Uberaba pelo papa Paulo VI, em janeiro de 1969.

Durante o episcopado de Dom Alexandre, houve o início de uma das grandes devoções à Virgem Maria, sob o título de Nossa Senhora das Graças (conhecida popularmente na região como Medalha Milagrosa). A cada ano aumenta o número de fiéis na cidade de Uberaba e participantes da Novena, celebrada em novembro. Com a chegada das Irmãs Concepcionistas em 1949, foi inaugurado um pequeno mosteiro e, em 1951, as irmãs transferiram-se para o mosteiro atual.

Em 1957, foi lançada a pedra fundamental do Santuário de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa. Em 7 de janeiro de 1961, o Mosteiro foi inaugurado e, em 26 de novembro do mesmo ano, o Santuário. Tais fatos foram possíveis, principalmente, graças ao estímulo dado por Dom Alexandre, que contribuiu na divulgação da devoção, e ao apoio dado às obras materiais e espirituais das Irmãs Concepcionistas.[13]Em 1978, Dom Alexandre renunciou ao arcebispado devido à idade avançada, assim como Dom José Pedro, que preferiu renunciar a seu cargo e ao direito à sucessão do arcebispo.

O segundo arcebispo e quinto bispo de Uberaba, nomeado pelo papa João Paulo II, foi Dom Benedicto de Ulhôa Vieira, nascido em Mococa-SP, em 9 de outubro de 1920, filho de José Teodoro Vieira e Leonor de Ulhôa Coelho Vieira. Foi ordenado presbítero em 8 de dezembro de 1948 por Dom Carlos Carmelo de Vasconcellos Mota, e sagrado bispo em 27 de janeiro de 1972, sendo Dom Paulo Evaristo Arns o sagrante principal. Seu lema episcopal era In Nomine Domini (Em Nome de Deus). Sua posse em Uberaba foi celebrada em 15 de setembro de 1978.

Seu arcebispado foi marcado por grande renovação pastoral, iniciando com o Primeiro Plano de Pastoral da Arquidiocese de Uberaba (PAPIU), fruto de assembleias realizadas com o objetivo principal de evangelizar e, consequentemente, reafirmar a presença católica na região que contava com a presença do líder espírita Chico Xavier. Além da célebre presença e grande contato com seu rebanho, também ficou conhecido pelos inúmeros sermões poéticos, publicações, dando continuidade a uma tradição iniciada, principalmente, por Dom Alexandre.

O terceiro arcebispo e sexto bispo de Uberaba foi Dom Aloísio Roque Oppermann, que havia sido o primeiro bispo da Diocese de Ituiutaba, criada em 1983, com o desmembramento da Arquidiocese de Uberaba e da Diocese de Uberlândia. Nascido em São Vendelino-RS, em 19 de junho de 1936, era filho de Jacó Afonso Oppermann e Maria Ledur. Foi ordenado presbítero em 29 de junho de 1961, por Dom Francisco Borges do Amaral, sendo que sua sagração episcopal foi celebrada em 21 de abril de 1983, tendo como sagrante principal Dom Carlo Furno. Seu lema episcopal foi Christus Dominus est (Cristo é o Senhor).

Assumiu a Arquidiocese de Uberaba em 1996 e seu episcopado foi marcado pelo destaque aos meios de Comunicação, fundando a Associação Metropolitana Cultural e Artística «Dom Aloísio Roque Oppermann» que, atualmente (2016), através da Rádio Metropolitana (FM), consegue alcançar toda a cidade de Uberaba. Existe também a rádio on-line, além do Jornal Metropolitano, distribuído em todos os 20 municípios da Arquidiocese.

Além disso, aumentou o número de paróquias, do clero arquidiocesano (ordenou 52 padres) e valorizou os grupos de reflexão (Caderno Popular). A presença dos leigos na realidade arquidiocesana foi intensificada com a instituição dos diáconos permanentes e também dos leigos consagrados (Instituto São José). Assim como os dois arcebispos anteriores, renunciou ao arcebispado pela idade avançada e, em 2012, depois de 16 anos à frente da Arquidiocese, foi sucedido por Dom Paulo Mendes Peixoto, que atualmente é o quarto arcebispo e sétimo bispo de Uberaba. Nascido em Imbé de Minas-MG, em 25 de fevereiro de 1951, filho de Aldir Peixoto e Maria Mendes Peixoto, foi ordenado presbítero em 8 de dezembro de 1979, por Dom Hélio Gonçalves Heleno, que também o sagrou bispo em 25 de fevereiro de 2006, com o lema “Para o Serviço à Vida”.

Atualmente (2016), a Arquidiocese de Uberaba tem 59 Paróquias, três Mosteiros, duas Áreas Pastorais e cinco Quase Paróquias. O clero é composto por 75 padres diocesanos e 15 religiosos, além de 40 diáconos permanentes. A Arquidiocese possui seis casas religiosas masculinas, 26 casas religiosas femininas que administram vários colégios e instituições, dando destaque para o Colégio Nossa Senhora das Dores (1895) e o Colégio Marista Diocesano (fundado em 1903) que, em Uberaba, foram precursores da educação.

Tem também o Hospital São Domingos, fundado em 1960, pelas Irmãs Dominicanas. Além da devoção à Medalha Milagrosa, em Uberaba, temos a grandiosa Festa de Nossa Senhora d’Abadia, padroeira da cidade, título conquistado pela grande devoção e o expressivo número de devotos que todos os anos peregrinam ao Santuário, durante os quinze primeiros dias de agosto. O Santuário de Nossa Senhora d’Abadia é administrado pelos Padres Estigmatinos, que assumiram em 1935 a paróquia, a pedido de Dom Frei Luiz Maria de Santana.[14]

Em Uberaba, a devoção tornou-se mais expressiva que a devoção ao Sagrado Coração de Jesus, padroeiro desde 1907. No dia 15 de agosto, comemoração da Assunção de Nossa Senhora, é celebrada a festa, sendo feriado municipal. Na cidade de Romaria, antiga Água Suja, a Virgem Maria é venerada sob o mesmo título de Senhora d’Abadia. A devoção é muito expressiva, conhecida ainda mais pelo grande número de romeiros que caminham de diversas cidades vizinhas até o Santuário para agradecer as inúmeras graças alcançadas. Sua novena é celebrada de 6 a 14 de agosto, anualmente, encerrando com uma grande festa no dia 15.

Além dessas três festas litúrgicas, os outros padroeiros das paróquias da Arquidiocese são celebrados sempre com grande júbilo. Existem ainda dois Institutos de Leigos, a Comunidade Rhema (Araxá) e o Instituto Secular Fraternidade São José (Uberaba), que auxiliam inúmeros padres na missão evangelizadora, nos trabalhos pastorais paroquiais e também em ações sociais.

A formação arquidiocesana, atualmente, conta com dois seminários, Filosofia e Teologia, situados em Belo Horizonte–MG, onde os seminaristas realizam sua formação na Pontifícia Universidade Católica (PUC-MG), enquanto o Propedêutico, anteriormente realizado na Paróquia de Santa Teresinha (Uberaba), continua suas atividades na Paróquia de Santo Antônio (Araxá).

NOTAS

  1. Todos os dados referentes a extensão territorial, número de habitantes, bem como número de católicos declarados foram retirados do site do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home /Acesso em: 14 ago.2016.
  2. PRATA, 1987, p. 41).
  3. PRATA, 1987, p. 45).
  4. PRATA, 1987, p. 36)
  5. PRATA, 1987, p. 53)
  6. Todos os lemas e brasões dos bispos e arcebispos (exceto os de Dom José Pedro, bispo coadjutor, e os do atual arcebispo) estão cunhados em uma das portas da Catedral Metropolitana de Uberaba. A tradução do latim foi feita por Mons. Valmir Ribeiro, pároco da Catedral.
  7. PRATA, 1987, p. 53).
  8. PRATA, 1987, p. 58)
  9. PRATA, 1987, p. 59).
  10. PRATA, 1987, p. 64)
  11. PRATA, 1987, p. 67)
  12. As informações sobre a participação de bispos e arcebispos no Concílio Vaticano II foi retirada da seguinte Tese de Doutorado: BEOZZO, José Oscar. Padres conciliares brasileiros no Vaticano II: participação e prosopografia 1959-1965. 2001. 431f. Tese (Doutorado em História) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, 2001.
  13. ALENCAR, 2015, p. 15)
  14. PRATA, 1987, p.102)

Referências:

ALENCAR, Maria Antônia de. Preservando a Memória. Uberaba: 3 Pinti, 2015.

BILHARINHO, Guido. Uberaba: dois séculos de história (dos antecedentes a 1929). Uberaba: Instituto Triangulino de Cultura, 2010.

BILHARINHO, Guido. Uberaba: dois séculos de história (de janeiro de 1930 a dezembro de 2007). Uberaba: Instituto Triangulino de Cultura, 2010.

PRATA, Thomaz de Aquino. Memória da Arquidiocese de Uberaba. Uberaba: Editora Rotal, 1987.

SILVA, Eduardo Duarte. Passagens: autobiografia de Dom Eduardo Silva, bispo de Goyaz. Goiânia: Editora da UCG, 2007.


AMANDA OLIVEIRA