CAMPINA GRANDE (Paraíba) – Diocese

De Dicionário de História Cultural de la Iglesía en América Latina
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A diocese fica no Planalto da Borborema. A maior parte (90 %) está situada no semiárido com chuvas de menos do que 600 mm por ano, a região mais seca do Brasil. Supõe-se uma primeira presença humana de há dez mil anos, que deixou vestígios em artefatos de pedra e registros rupestres, pinturas e petróglifos. Teve uma presença de índios tarairius e com a chegada dos portugueses vieram índios cariris. Na chegada dos primeiros portugueses, criadores de gado e em parte com ascendência judaica, as terras pertenciam à diocese de São Salvador.

Em 1670 padres capuchinhos franceses iniciaram uma missão em Boqueirão. Em 1700 a pedido do governador padres franciscanos fundaram uma missão em Campina Grande e introduziram a devoção por Nossa Senhora da Conceição. No mesmo tempo padres jesuítas iniciaram uma fazenda de gado no lugar Mucuitu (Juazeirinho) e construíram uma capela sob proteção de Nossa Senhora dos Milagres, beirando o rio Travessia no lugar hoje chamado São João do Cariri.

Em 1750 esta capela foi transformada em matriz de uma paróquia pertencente à diocese de Olinda. Foi a primeira da futura diocese. Em 1768 a paróquia de Campina Grande foi desmembrada, situada na região mais úmida e por isso com um futuro mais promissora. Campina Grande cresceu devagar ao redor do comercio da feira, sendo o destino de caravanas de tropeiros e desde o final do século XIX como centro de algodão, o ouro branco.

Em 1892 a diocese da Parahyba foi fundada com o primeiro bispo Dom Adaucto Aurelio de Miranda Henriques (1894-1935), abrangendo Parahyba e Rio Grande do Norte. Ele fez divisões nesta grande área, mas foi somente seu sucessor Dom Moises Sizenando Coelho (1935-1959) que conseguiu fundar a diocese de Campina Grande em 1949 pela bula Supremum universi com uma área de quase vinte mil quilômetros quadrados. O primeiro bispo dom frei Anselmo Pietrulla (1949-1955) dedicou-se à organização da infraestrutura com prioridade na construção do mosteiro das clarissas e o seminário menor.

Seu sucessor dom Otávio Barbosa Aguiar (1956-1962) conseguiu uma equipe para o seminário e preparou a diocese pelos tempos do Concílio. Dom Manoel Pereira da Costa (1962-1981) assumiu a diocese quinze dias antes do Concílio começar e dedicou-se a implantação dos resultados na sua diocese. Foram anos tumultuados: um terço do clero deixou o ministério, a ditadura limitou as liberdades e as conferenciais episcopais da América Latina traduziram os documentos conciliares para a realidade do continente. O bispo teve que fazer um apelo a padres estrangeiros. O seminário fechou. Dom Manoel sofreu perseguições por defender a justiça.

Teve que renunciar por motivos de saúde e foi sucedido por dom Luís Gonzaga Fernandes (1981-2001), homem que assistiu o «Pacto das catacumbas» e que implantou o projeto da “igreja das pequenas comunidades” com leitura bíblica, valorização do leigo, voz profética e abertura para o ecumenismo. Ele reabriu o seminário.

No novo milênio dom Matias Patrício Macedo (2001-2003), sentiu a mudança de época: êxodo rural em massa, novas universidades principalmente em Campina Grande, progresso econômico, surgimento de inúmeras outras denominações e as criticas à teologia de libertação. Por isso, organizou uma grande pesquisa social-religiosa da realidade diocesana para poder reagir de forma mais adequada. Depois de uma vacância de um ano e meio, dom Jaime Vieira Rocha (2005-2011) trouxe para a diocese o projeto das «missões populares» enfatizando a dever missionário da Igreja. Nesta linha fundou também um Observatório para acompanhar a realidade social.

Ele começou a receber os frutos dos investimentos feitos no seminário: o clero. Depois de outra vacância de nove meses o sétimo bispo dom frei Manoel Delson Pedreira da Cruz (2012-hoje) herdou um numeroso clero jovem que precisa de um acompanhamento de perto, enfatizando a espiritualidade fraterna, a administração econômica e a postura pastoral. Atualmente a diocese conta com quase um milhão de habitantes, morando principalmente nas cidades, cem padres, 77 % católicos (87 % no interior e 64 % em Campina Grande).

Referências

UCHÕA, Boulanger de Albuquerque. Subsídios para a história eclesiástica de Campina Grande (Paraíba). Rio de Janeiro, 1964.

RIETVELD, João Jorge. Apanhados da história eclesiástica da diocese de Campina Grande. 1639-2009. João Pessoa: Imprell, 2009.


JOÃO JORGE RIETVELD